A destruição o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, não pode passar em branco. Essa tragédia deve servir como um grito de basta contra o abandono, negligência e destruição da memória nacional. A realidade, lamentavelmente, é que a situação do Museu Nacional não é única. Outras tragédias iguais podem ocorrer.
Os valores que nos identificam como sociedade não podem virar cinzas como o Museu Nacional. Conclamamos o Estado, os arquitetos e 2 urbanistas, as universidades, os intelectuais, as entidades de classe, enfim, a sociedade brasileira a se mobilizar.
O basta! deve vir de toda sociedade. Dos estudantes ao Presidente da República.
De imediato é necessário levantar outros bens em perigo – inclusive cidades históricas - e prover meios para sua recuperação e manutenção. Nesse sentido é preciso agir em duas frentes: recursos financeiros e humanos.
Os recursos do Tesouro e financiamentos públicos e privados existentes para o setor cultural, frutos de leis de incentivo, são insuficientes, as prioridades raramente incluem o Patrimônio e não passam de ações pontuais. É preciso avançar, elaborando um plano plurianual nacional, vinculado a um fundo próprio, que privilegie a eliminação de riscos de incêndios, desabamentos e alagamentos, garantindo o funcionamento e o usufruto público do Patrimônio.
São necessários também profissionais capacitados. Há anos assistimos, por exemplo, o definhamento do quadro técnico de órgãos como o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), questão apenas recentemente encaminhada.
Cumprindo o compromisso histórico dos arquitetos e urbanistas com a preservação do Patrimônio, em “Carta Aberta dos Arquitetos e Urbanistas aos Candidatos nas Eleições de 2018”, divulgada em julho, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) apresentaram propostas que, a médio prazo, garantiriam a sustentabilidade da política pública para o setor.
Todos estamos indignados, todos devemos colaborar.